- é o emblema e a "assinatura" de São Francisco de Assis
e dos Franciscanos.
"São Francisco nutria grande veneração e afeto pelo sinal TAU. E mesmo o recomendava muitas vezes por palavras e escrevia de próprio punho sob as cartas que enviava, como se de sua missão consistisse, conforme a palavra do profeta em marcar com um TAU a fronte dos homens que gemem e choram, (Ez 9, 4), convertidos sinceramente a Cristo".
( S. Boaventura, Legenda Maior, IV, 9 ).
Uma das mais preciosas lembranças de São Francisco de Assis é esse pergaminho, datado de 1224, escrito de próprio punho pelo Santo, conservado atualmente no Sacro Convento, em Assis.
De um lado contem a oração "Louvores a Deus", e, do outro, a "Bênção a Frei Leão".
Em baixo do texto da "Bênção" há um TAU, sobre a cabeça. Com letras vermelhas, Frei Leão acrescentou o seguinte comentário: "Dois anos antes da sua morte passou o bem-aventurado Francisco a Quaresma no Monte Alverne (...). Depois duma visão e colóquio com um Serafim, e depois da impressão dos estigmas de Cristo no seu corpo, compôs ele estes Louvores e os escreveu de próprio punho no verso desta folha, rendendo graças ao Senhor pelo benefício recebido. O bem-aventurado Francisco escreveu esta bênção de próprio punho para mim, Frei Leão. Igualmente desenhou ele de próprio punho este sinal T com a abeça.”.
Origem histórica e significado teológico do sinal TAU
Toda a família franciscana nutre um grande carinho pelo TAU, fazendo dele seu distintivo e seu programa de vida. Mas não são só os franciscanos; também outras pessoas que se identificam interiormente com a mensagem de São Francisco de Assis, "o irmão universal", usam, com cada vez mais freqüência, o TAU como expressão da sua simpatia e do seu compromisso com os ideais do Santo de Assis.
O quê significa o Tau? Como São Francisco chegou a fazer dele seu "selo e sua assinatura"?
Que programa de vida e de ação encerra para todos os que, hoje, o usam?
1. O significado simbólico do TAU.
O TAU é uma letra dos alfabetos hebraico e grego. No alfabeto hebraico (língua em que foi escrita a Bíblia), ela ocupa o ultimo lugar, passando a significar, assim, a "complementação da Lei". Ela é, também, a primeira letra da palavra "Torah" (Lei). A letra grega TAU, baseando-se no texto do profeta Ezequiel 9, 4, tornou-se símbolo da cruz, fim e complementação da antiga Lei: "Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, e marca com uma cruz (Tau) na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometem".
Na época da Patrística ( primeiros séculos da Cristandade), a letra TAU foi interpretada como a cruz de Jesus Cristo, símbolo da complementação da antiga lei. Pelo seu aspecto gráfico, o TAU ( T ) lembrava o mastro de um navio. Navio simboliza a Igreja ( Barca de Pedro, comunidade dos remidos), o mastro simboliza a cruz de Cristo, que é a força condutora da Igreja.
2. São Francisco e o TAU.
Como São Francisco chegou a usar o TAU, de modo a identificar-se com ele?
a) Pela influência da época.
Na época de Francisco o TAU era conhecido comumente pelo povo e entendido como sinal da salvação, com seu rico significado simbólico e com seus poderes até de afastar peste ou curar doentes.
b) Pelo contato com os Eremitas de Santo Antão (ou Antônio Abade).
Sabe-se que a conversão definitiva de Francisco, o encontro com Cristo pobre e crucificado, se deu no beijo depositado no rosto de um leproso. Os primeiros anos da sua vida segundo o Evangelho, Francisco passou tratando dos leprosos, nas proximidades de sua cidade natal, Assis. Os leprosos eram para ele a presença viva do próprio Cristo. Ora, nas idas a Roma costumava a hospedar-se no hospital de leprosos mantidos pelos Irmãos de Santo Antônio. Estes portavam um grande TAU nos seus hábitos, sinal de pertença à irmandade e de serviço de caridade.
c) O TAU, símbolo do compromisso com o Evangelho e da renovação da Igreja.
A mais forte influência, para o uso do TAU, exerceu sobre São Francisco o Concílio Lateranense IV, convocado pelo Papa Inocêncio III e iniciado aos 11 de novembro de 1215.
O Papa convocou este Concílio com o propósito de despertar toda a Cristandade para dois objetivos: a defesa dos lugares Santos da Palestina, contra os Saracenos e, o que é mais importante, para uma campanha de renovação de toda a Igreja.
A importância deste Concílio expressam bem os números das pessoas convocadas pelo Papa: 2212 padres conciliares, dos quais 412 bispos, 800 abades e superiores das Ordens Religiosas, e o restante, os embaixadores, teólogos e líderes dos movimentos religiosos. São Francisco foi convidado na qualidade de fundador de uma nova Ordem.
O Papa abriu os trabalhos conciliares com uma fantástica pregação que imediatamente adquiriu uma larga repercussão. O fio condutor foi as palavras de Cristo: "Ardentemente desejei comer esta Páscoa convosco".(Lc 22, 15).
Lembrou que "Páscoa" significa "passagem" e fez votos que o Concílio, a nova Páscoa, dê início à tríplice "passagem":
corporal, espiritual e eterna.
A passagem corporal seria a cruzada e a recuperação de Jerusalém; a passagem espiritual deveria ser a mudança de costumes, ou seja a reforma da Igreja; a passagem eterna significaria a renovação da vida Espiritual pelos sacramentos, especialmente da Eucaristia.
A segunda parte da pregação, referente a passagem espiritual, foi o enérgico comentário ao Capítulo 9 do Livro de Ezequiel. O Papa fez suas as palavras do profeta: "Percorre a cidade, o centro de Jerusalém, marca com uma cruz (tau) na fronte os que gemem e suspiram devido a tantas abominações que na cidade se cometeram"( Ez 9, 4), e acrescentou: O "TAU é a última letra do alfabeto hebraico e a sua forma representa a cruz, exatamente tal e qual foi a cruz antes de ser nela afixada a placa com a inscrição de Pilatos. O TAU é o sinal que o homem porta na fronte quando com todo o seu ser revela a irradiação da cruz... Sejam, portanto, os mestres desta cruz".
São Francisco ficou vivamente impressionado com este apelo. Sentiu-se pessoalmente convocado a fazer conforme a Igreja lhe pedia: do apelo do Papa fez o programa da sua vida e apostolado e do sinal TAU fez o seu próprio distintivo.
3. O TAU, sinal do compromisso com o Evangelho e com a "Nova Evangelização".
São Francisco de Assis continua sempre vivo, assim como sua mensagem de "viver o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo". Sua mensagem é universal, porque o próprio Evangelho que ele viveu de forma tão simples e tão humana, é universal, é a Boa Nova para todos. Jesus é esta Boa Nova! Jesus é a solução! Usar, hoje, o TAU, significa abraçar este Cristo, modelo do homem total, homem feliz. Significa comprometer-se com as exigências do Evangelho e com a Nova Evangelização. Ser, como São Francisco, "mensageiros do Grande Rei!"
"Bênção de São Francisco a Frei Leão":
"O Senhor te abençoe e te proteja.
Mostre-te a sua face e se compadeça de ti.
Volva a ti o seu rosto e te dê a Paz" (Nm 6, 24-26)
T Frei Leão, o Senhor te abençoe."